06 outubro 2014

Ideia é desenvolver o conceito em comunidade

Leila Gapy
Mais mais do que separar embalagens ou executar os três Rs de reduzir, reciclar e reutilizar, sustentabilidade é um conceito social que norteia o viver humano. Orienta a conduta diária, não só quanto a abundância x desperdício (de alimentos, roupas, resíduos e solo, por exemplo), como também estimula alimentação saudável, educação para o bem coletivo, empreendedorismo social, geração de renda, qualidade de vida, sonhos e esperanças.


Foi acreditando neste conceito de vida, que um grupo de amigos, então pós-graduandos em Sustentabilidade, criaram há três anos o Instituto Viveiro de Projetos. Nascia da terra, não só a vida, mas o lar e a conduta de uma equipe disposta a inovar e ampliar a sustentabilidade em Sorocaba e região. "Somos um ponto de encontro aberto para troca de práticas sustentáveis com base no conhecimento e aplicação de técnicas como: permacultura, bioconstrução, cooperação, arte, agroflorestas, biopsicologia. Nossa ideia é desenvolver um modelo de comunidade sustentável para o bem coletivo", resume o publicitário e também presidente do instituto, Marcel Frezza. Mas para entender melhor o mecanismo da ideia é preciso voltar no tempo.

Frezza explica que tudo começou com o projeto de conclusão de curso da pós-graduação que, por fim, deu vida ao instituto. "Fazíamos reuniões no meu apartamento. Até que chegamos à conclusão que precisávamos de espaço. Foi quando uma amiga nossa nos ofereceu o arrendamento de uma área de 20 mil m2 na estrada para Araçoiabinha. Aproveitamos a casa que era do caseiro e iniciamos o desenvolvimento dos projetos", explica. E tem sido ali que a ideia tem germinado em terra firme. Além de reuniões e apoio a entidades e grupos que promovem o bem-estar coletivo - como por exemplo o curso para gestantes interessadas em parto natural -, o instituto já fez uma casa na árvore piloto (mini loft - que é modelo para outra dezena a ser criada), área para compostagem e horta orgânica coletiva.
A ideia é nos próximos meses criar a captação de água da chuva para uso local. "Temos várias oficinas sobre como é o conceito sustentável. A compostagem é um exemplo. Separamos nossos resíduos secos dos molhados (orgânicos) e possibilitamos a nutrição da terra, para uso na horta que também consumimos", comenta o também publicitário e membro, Rodrigo Jardim. É neste sentido que o grupo mantém o poço caipira e planeja também o minhocário. Tudo com base no Dragon Dreaming (roteiro: sonhar, planejar, realizar e celebrar) e na Constelação Sistêmica Empresarial, associação da psicologia para o mundo dos negócios.
"Fisicamente estamos nascendo. Passamos os últimos três anos nos estruturando burocraticamente. Isso dá muito trabalho. Somos nove diretores e 20 associados. Felizmente nossa demanda em participação tem sido crescente, com a divulgação do Troca dos Saberes na Fogueira - uma reunião mensal aberta aos interessados", diz Frezza. Isso porque, neste momento, a equipe está aprendendo a ser pessoa jurídica. Mas a iniciativa já deu frutos. É que o instituto assinou recentemente um contrato com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) para cursos de construção civil sustentável chamado Mãos à Obra.
A proposta, já aprovada pelo Ministério da Educação (MEC), visa iniciar os trabalho em 2016, com três cursos diferentes: para agente difusor da bioconstrução (pedreiro, arquitetos e engenheiros que queiram saber como é a construção sustentável e como usá-la); o acabamento em bioconstrução (para aqueles que querem aprender a fazer na prática); e o de pedreiro bioconstrutor, que além de aprender a forma convencional de construir, aprenderá sobre a bioconstrução como alternativa atual para o mercado imobiliário. "E em breve selaremos parceria também com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) para empreendedorismo e geração de renda sustentável. Temos visto que a cada ano, o número de pessoas que desejam construir de forma sustentável tem crescido. Às vezes o arquiteto quer fazer, mas não tem mão de obra especializada. Por outro lado, o pedreiro, agente difusor, também deve empreender", afirma.

Além disso, antes de disponibilizar os cursos, o grupo tem como meta a construção da sala de aula e melhoria do espaço para a sede. Mas ainda necessita ampliar a captação de recursos. "Hoje, nós da direção e associados estamos investindo. Temos alguns parceiros e amigos que também acreditam na ideia. Mas estamos abertos a doações, verba de incentivo fiscal e investimentos, além de apoio e parcerias", explica o presidente. Para os interessados em saber mais: www.viveirodeprojetos.com.br.

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